Quem persegue o Mamãe Falei?

Na última quinta-feira (dia 23 de maio), Álvaro Borba e Arthur do Val foram ao debate organizado pelo canal mesacast Inteligência Ltda. Nós assistimos ao debate e fizemos algumas considerações.

A repercussão foi grande nas mídias sociais na última sexta-feira sobre o debate ocorrido entre o jornalista do Meteoro, Álvaro Borba, e do influencer e ex-deputado cassado, Arthur do Val (Mamãe Falei). Evidenciado o constrangimento e a histeria coletiva, pela suposição de um desempenho à desejar por parte do Álvaro, uma onda de comentários debochados da direita e ressentidos da esquerda inundaram as lives e as redes da equipe Meteoro.

A fim de trazer à tona uma breve análise do espetáculo e, talvez, levar à “reconciliação” das militâncias de esquerda “decepcionadas”, deixo abaixo alguns apontamentos:

  • O debate foi vazio, centrado nas controvérsias da vida de Arthur do Val, o que favoreceu o estilo de espetacularização maniqueísta típico do MBL. Houve pouca discussão sobre as perspectivas ideológicas e o papel das militâncias de esquerda em contraste com as organizações de direita. Esse era o objetivo de Arthur: no final do debate, enquanto todos estavam exaustos de falar sobre sua figura narcisista, ele ainda levantou seus papéis três ou quatro vezes, insinuando que havia mais polêmicas para falar (e REFUTAR o absoluto silêncio do Álvaro).
  • Arthur mentiu na pergunta inicial do Álvaro, respondendo não ser fascista, ao mesmo tempo que defendia poder usar o ferramental jornalístico para propagandear seu famoso comportamento coercitivo e assediador com que trata as vítimas do seu “trabalho”. Arthur insistiu veementemente segurando um papel, meio embolado, que supostamente lhe dava o poder da “carteirada jornalística”, mesmo não tendo formação em comunicação e sequer conhecer as diretrizes básicas do jornalismo profissional.
  • O Álvaro tinha razão sobre a espetacularização que Arthur oportunamente surfou, durante as polêmicas de Marajó. Escrevemos sobre este caso aqui no Patos à Esquerda. O Arthur como “jornalista investigativo”, ou melhor, como “Detetive” (como ele mesmo afirmou), sem nenhuma permissão institucional, cavou um caso de prostituição infantil para causar alvoroço popular e permitir assim que um viés de confirmação se tornasse conjectura para fundamentar o engajamento da extrema-direita nas redes sociais.
  • Era esperado, mas vale ressaltar que em um debate sem checagem de fatos, em tempo real, permitiu-se com que o Arthur misturasse meias-verdades com narrativas fantasiosas, seguidas de retóricas binárias forjadas em falácias lógicas. Método bem manjado da atuação da Brasil Paralelo (acompanhe o trabalho do coletivo de combate à desinformação e fake news, Brasil Parasita, para saber mais). Para comprovar o que eu falo, basta se atentar às várias vezes em que o Arthur devolvia ao Álvaro perguntas apenas com duas alternativas possíveis de resposta (“ou é isso, ou é aquilo”), enquanto que nenhuma delas delineavam a solução argumentativa dos casos.
  • Por fim e, ironicamente, para começar a construir a resposta para a pergunta do título deste artigo, o Arthur não sabia definir, ou fez de conta não saber, o que é esquerda. O tempo inteiro, Arthur evocava nominalmente “A esquerda” como se ela fosse uma entidade que fizesse de tudo para impedi-lo de “existir” politicamente. A resposta à pergunta de Álvaro, conforme se esperava, figurava uma dominação fantasmagórica de uma esquerda que tem poder de manipulação a nível global. Depois, questionado sobre exemplos factíveis de atuação dessa “esquerda”, Arthur desviou o assunto para si novamente.

Resposta ao título deste artigo

Absolutamente ninguém! Ninguém persegue Arthur do Val. A esquerda é majoritariamente falida financeiramente. Vivemos em uma sociedade capitalista em que a equação é simples, CAPITAL = PODER. Tirando algumas figuras paradoxais que podem minimamente serem consideradas de esquerda, como o milionário Eduardo Moreira, ninguém tem bala na agulha para perseguir e efetivamente rechaçar o MBL, o Kim, o Arthur, o Renan… E é por isso que os canais midiáticos da esquerda anticapitalista, vez ou outra, manifestam repúdio com cautela ao MBL: para não morrer para o lawfare.

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