Geralmente, os movimentos sociais populares aparecem na mídia de forma estereotipada e distorcida. “Baderneiros”, “vândalos”, “vagabundos” são adjetivos que sempre aparecem quando nos deparamos com a reportagem de um jornal burguês sobre uma manifestação, marcha, ato ou ocupação realizada por algum movimento social. Vocês já se questionaram o porquê disso? Será que estes grupos apenas estão fazendo bagunça? Será que esses adjetivos são empregados para deslegitimar estes movimentos porque as estruturas que geram a desigualdade estão sendo questionadas?
Os movimentos sociais populares emergem na cena política como uma forma de contraponto ao caráter excludente da sociedade capitalista. Sob a influência do liberalismo, o Estado de direito, dito democrático, institui a igualdade jurídica, alegando que todos os cidadãos possuem direitos e deveres iguais. Porém, por causa das desigualdades de classe, raça, gênero e sexualidade geradas pelo sistema capitalista/racista/machista, permite-se apenas que os burgueses/brancos/homens heterossexuais tenham acesso pleno à cidadania formal, ao passo que os demais setores permaneceram excluídos.
Diante de tal diagnóstico, os movimentos sociais populares tem por objetivo a construção de um regime realmente democrático, fortalecendo e ampliando o conceito de cidadania para além dos limites instituídos por sua versão liberal. A título de exemplo, podemos mencionar a luta do movimento operário pela redução da jornada diária de trabalho, por melhores salários, descanso semanal e férias; a luta do movimento negro pelo fim da discriminação racial e por acesso à educação e melhores postos no mercado de trabalho; a luta do movimento feminista em prol da descriminalização do aborto, da destruição da divisão sexual do trabalho e do fim da violência doméstica.
É justamente para falar destas lutas que o Coletivo patense Mada promoverá o Seminário Movimentos Sociais: Políticas Públicas Reparatórias. O referido seminário contará com militantes de diversos movimentos sociais populares locais: sindical, negro, feminista, Lgbtqpia+, dentre outros. De acordo com Élida Ábreu, uma das organizadoras, o evento “visa abrir um espaço que será permanente”. Neste primeiro momento, o objetivo é socializar as experiências de luta que ocorrem na cidade. Mas, espera-se que, com a consolidação do referido espaço, constitua-se um grupo de trabalho que ofereça subsídios na luta em prol de políticas públicas voltadas para a construção de uma cidadania robusta e significativa.
O seminário acontece neste dia 15 de abril (sábado), a partir das 18:00 horas, no porão do Teatro Municipal Leão de Formosa. Todas as pessoas interessadas estão convidadas para participar!