No dia em que se realizou a roda de conversa com os trabalhadores e militantes de Patos de Minas pelo fim da escala 6×1, um registro histórico e cultural da cidade marcou o fim do evento. O poeta, músico, rapper e agitador cultural do grupo Slam Phatos, Ricardo (RLLoco) elaborou in “lloco” uma poesia slam. A obra em questão fazia um recorte importante das falas que fizeram efervescer a discussão sobre as jornadas extenuantes de trabalho, realidade da classe trabalhadora local e também nacional.
A poesia é caracterizada por uma estética de bricolagem, na qual o poeta incorpora elementos textuais e sonoridades do ambiente como parte da composição. A riqueza da escrita de RLLoco permitiu com que uma colagem figurativa das vozes, que ecoaram no dia, resultasse em um grito uníssono e poderoso da luta pelo fim da escravidão moderna.
6×1
Por Ricardo RLLoco (@ricardolloco)
Unificar as lutas
Verbalizar as buscas
Experiência de conduta
Voz da procura
Ir pra rua. Curtir a cura.
Geração que desperta as Deboras.
Trabalhar até a morte,
Vou quebrar as regras!?
A escravidão não acabou
Ela apenas se modernizou
Trabalho de empreendedor
Cada pessoa um trabalhador
A arte de ser livre
E fazer tudo sublime
O trabalhador que se ilude
Com a Game-fixação do aífood!
Produzindo todos juntinhos,
Na base, o trabalho suturo.
Constrói um tijolinho,
Pra uma ponte no futuro!
Ação e reação, Da cultura
Aculturado a própria cultura
A todo tempo, raquiando o sistema
A arte se ajunta
Pra se livrar de todo problema
A pauta pela vida. O jogo da vitória
Cada um é dono de sua história
No sapato do outro, não vivo!
Vai viver o agora!
Aos olhos do patrão; você é substituído!
Trabalho desumano
Não será permitido!
Alienação!
Não será permitido!
Pego a caneta. E risco!
Pego a poesia e verbalizo!
O partido que apoio
É a arte de viver
Ação com munição
Ato aflorescer
A produtividade aumentando
E a saúde mental a retroceder!
Reduz a jornada
Ou aumenta o salário!
Bater a meta,
Sem corromper o honorário.
Sem redução de salário,
Muda essa novela!
Seis por um
É escravidão moderna!
A jornada; é viva!
Não morra por ela!