Por volta das 21:00 horas do dia 15 de novembro, a mídia local anunciava a vitória de Luís Falcão no pleito eleitoral do ano corrente. Graças aos 52,92% dos votos, ele conquistou o tão almejado posto de chefe máximo do executivo para os próximos quatro anos. A larga vitória do candidato do Podemos sobre a candidata Béia Savassi (DEM) e o candidato Arnaldo Queiroz (PSD), que ficaram respectivamente com 26,86% e 14,09%, não deixou dúvidas sobre o alcance do poder que a direita possui na cidade, reduzindo a disputa a um mero conflito entre as diferentes frações da elite patense.
Sob este aspecto, o processo eleitoral correu tranquilamente, previsível até. Se olharmos, entretanto, sob outros ângulos, somos surpreendidos por um fato inédito: a quantidade e qualidade das candidaturas de esquerda no pleito eleitoral para o executivo. Pela primeira vez na história do município, assistimos, logo de uma vez, três candidaturas reivindicando, cada uma ao seu modo, este apelativo. À esquerda tivemos Águida Helena, pelo PT; à centro-esquerda, tivemos Hermano Caixeta, pelo PSB e à extrema-esquerda, tivemos Frederico Viana pelo PCO. De todas estas candidaturas, a que teve seu melhor desempenho foi a de Hermano Caixeta (PSB) , que levou a fatia de 2,27% dos votos; em seguida Águida Helena (PT) levou 1,29% e Frederico Viana (PCO) que levou tão somente 0,12%.
Uma ligeira comparação do percentual de votos obtidos pela direita e pela esquerda, sinaliza claramente o abismo que existe entre uma e outra. Tal constatação nos conduz à pergunta, aparentemente prosaica, mas que na realidade é vital: como explicar e/ou compreender o desempenho novidadeiro, é verdade, mas profundamente tímido da esquerda? Suponho que parte do nosso público leitor tome a pergunta por demais óbvia, afinal de contas, vivemos em uma cidade de porte pequeno, controlada por uma burguesia agrária-comercial e profundamente conservadora (leia-se racista, machista e Lgbtfóbica). Assim, a resposta encontra-se na própria estrutura social de cidade.
Sem querer (nem poder) desconsiderar estes fatores, gostaria de chamar a atenção para outros, até agora negligenciados, tais como a ausência dos movimentos populares, o parco trabalho de base, a falta de visão estratégica e um horizonte restrito de programa político, que não vai, no melhor dos casos, além de uma visão social-democrata. Ao contrário do que se pensa, a dificuldade de enfrentar estes problemas não se deve apenas a superação dos obstáculos colocados pelas estruturas sociais, mas ao efeito de um cálculo político completamente compreensível na lógica de uma certa esquerda eleitoral. Essa esquerda parece se preocupar cada vez mais em construir candidaturas vitoriosas dentro da ordem vigente do que necessariamente criar um projeto político com a ossatura necessária para apontar possibilidades mais significativas de transformação social.
Estranhamente, a direita local parece ter retido com maior clareza essa lição, ainda que lhe falte a sofisticação intelectual para tanto. Afinal de contas, é impossível entender a eleição do próximo prefeito – até outro dia praticamente um desconhecido – sem levar em consideração o surgimento, enraizamento e capilarização da extrema direta na cidade. Por meio da criação de organizações, manifestações, campanhas em massa de fake news, assédio nas redes virtuais e trabalho direto com empresários e trabalhadores, foram hábeis para criar uma atmosfera aparentemente contrassistêmica, porém, profundamente integrada ao próprio sistema. Não por acaso, Falcão usou (e abusou) como um dos principais motes de suas campanhas “a luta contra os coronéis”, quando agora se sabe que ele próprio construiu toda a sua trajetória política ao lado deles.
Em síntese: não se pode esperar que problemas estruturais e/ou conjunturais da cidade possam ser apresentados e, muito menos, resolvidos em campanhas que durem entre dois ou quatro meses, de quatro em quatro anos. Me pergunto se já não é hora de pensarmos numa (outra) campanha, que dure todos os anos, todos os meses e todos os dias. Me pergunto se já não é hora de pensarmos numa (outra) campanha que articule todos movimentos sociais de classe, gênero, raça e sexualidade. Me pergunto se já não é hora de pensarmos numa (outra) campanha por formas de poder do e para o povo. Me pergunto, enfim, se já não é hora de pensarmos numa (outra) campanha que nos devolva o direito de sonhar.
Realmente a esquerda quer ter um papel na cidade? Então melhor começar buscar suas bases e seus reais interesses e não formar um bloco de trajados de all star.
O movimento tem uma ótima ideia, óbvio. A esquerda patense é falida e continuará falida sem estratégias e, PRINCIPALMENTE, sem entender que o país e a cidade, precisa entender o que vocês esquerdistas querem dizer. Rebuscar um texto com palavras tão belas porém jamais lidas por 80% da população, não resolverá. O movimento não passará de um encontro no boteco do seu Zé para falar mal do cujo presidente.
Quanto aos candidatos, pensem na crítica. Águida Helena querendo implementar ecologia numa cidade que pouco liga para isso e pensa só no agronegócio. Se o Lula negociou com os bancos e foi moderado nas falas, cabia ela fazer isso. E o Frederico apenas foi fantoche para brigar com a direita, rendeu boas risadas.
Por fim, que ignorância ao afirmar que quem não é esquerdista é preconceituoso. Ridículo isso. É botar num bolo quem nem se quer sabe que existe esquerda em Patos.