Biblioteca João XXIII: Espaço cultural ou Patinho feio da Secretaria de Cultura?

A Biblioteca Municipal João XXIII nasceu em precariedade de recursos para atender uma classe estudantil exigente e ainda hoje se mantém com o mínimo.

Por Rodrigo de Freitas Silva

A Biblioteca Municipal João XXIII possui cerca de 40.000 volumes e conta com 9.762 leitores inscritos e uma média diária de atendimento de apenas 60 usuários por dia. Sua origem legal está na lei n° 47 de 05 de novembro de 1956, que foi assinada pelo então prefeito Genésio Garcia Rosa (1955-1959). Essa lei tornou-se posteriormente a lei n° 329, que estipulava e organizava a criação e manutenção de uma biblioteca pública no município. Porém, a biblioteca pública foi inaugurada em 26 de outubro de 1963, no mandato do prefeito Pedro Pereira dos Santos (1963-1967), isto é, somente sete anos após a lei n° 329 de 1956 no salão nobre da prefeitura. Entretanto, segundo o prefeito, a biblioteca foi inaugurada às mínguas de recursos, com estantes inapropriadas, escassez de volumes e sem um local amplo.

A modernização, na atualidade, ainda não chegou à biblioteca João XXIII ou se faz a passos tímidos, devido ao esforço de funcionários que atuam sem auxílio do poder público. As fichas de cadastro dos leitores são feitas em papel e guardadas gaveteiros. As fichas catalográficas dos quase 40.000 volumes também são em papel e ficam guardadas em arquivos com gavetas, o que dificulta com que o leitor possa procurar o que necessita sem ajuda.

Os projetos culturais desenvolvidos na João XXIII foram idealizados e realizados por iniciativa dos funcionários presentes e comprometidos com o desenvolvimento do espaço. Os poucos projetos que eram realizados foram desaparecendo e deixando a biblioteca em uma opacidade perante a comunidade. As políticas representadas nas indicações de vereadores a respeito da biblioteca municipal se mostraram irrelevantes ou, em alguns casos, até oportunistas.

A Biblioteca Municipal João XXIII nasceu em precariedade de recursos para atender uma classe estudantil exigente e ainda hoje se mantém com o mínimo. A ligação da biblioteca com a área da educação é indissolúvel, porém a concepção de biblioteca escolar acaba por não criar um sentimento de pertencimento nos leitores fora do mundo acadêmico ou do ensino regular.

Mesmo com toda a importância da biblioteca para a cidade de Patos de Minas, o que se percebe é a falta de investimentos do poder público. Não existe nenhuma política pública que auxilie a biblioteca. A aquisição de livros carece de investimentos nos últimos 12 anos e não existe ainda nenhuma projeção para renovação do acervo ou modernização da biblioteca.

Com a eleição do novo prefeito, as secretarias serão distribuídas por meio de processo seletivo. Algo interessante, que nos leva a um questionamento se é algo real ou pura demagogia política. A escolha para comando da Secretaria de Cultura será aguardada com entusiasmo para aqueles que valorizam a cultura em Patos de Minas e ainda se importam com a Biblioteca Municipal João XXIII.

Ainda no fim deste ano de 2020, a Câmara Municipal aprovou uma emenda que destina um milhão de reais ao Fundo Municipal de Cultura. A “menina de ouro” da Secretaria de Cultura sempre foi o Conservatório Municipal, que recebeu um grande investimento e passou por uma longa reforma. O Museu Municipal e o Teatro Municipal Leão de Formosa também receberam investimentos e celebraram, no dia 11/12/2020, sua reabertura, após longo período de reformas. Sem sombra de dúvidas, os importantes espaços de cultura e formação cidadã carecem da atenção do poder público, independente de ideologias políticas ou partidos que se encontram na frente de governo. O que nos resta cobrar é que a Biblioteca Municipal João XXIII seja contemplada com parte dos recursos do Fundo e não seja vista apenas como uma repartição moribunda da Secretaria de Cultura.

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