Eleições 2024: 10 breves fatos

O Tribunal Superior Eleitoral disponibiliza o DivulgaCandContas, uma plataforma de transparência que serve para acompanhar as movimentações financeiras e jurídicas dos candidatos. Em que pese a plataforma ser bastante acessível, ela não é costumeiramente averiguada pelo público e frequentemente as pessoas se espantam com os dados que ela apresenta. Destacamos aqui alguns pontos sobre os candidatos locais cujas informações foram retiradas da plataforma no dia 20 de outubro de 2024.

Além disso, apontamos brevemente dados e interpretações sobre os resultados da eleição. Os fatos de 1 a 7 são sobre a eleição para o Executivo, os de 8 a 10 são sobre a eleição para o Legislativo.

1. Houve 33.101 abstenções, 3.306 votos nulos e 2.629 votos em branco. São 39036 pessoas que não parecem contentes com as opções da democracia burguesa na Vila de Patos. Gente a se considerar quando alguém vier falar no resultado que reelegeu o atual prefeito.

2. Luís Eduardo Falcão, apesar de o seu partido (o “Novo”) ter se gabado anteriormente por não utilizar dinheiro de fundo de campanha, recebeu 600 mil reais desse recurso, sendo que apenas 60 mil são de seu partido e 440 mil vêm do PL, de Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto. O partido Novo envelhece mal e agora usa o “Fundão”. Parece também ter abandonado o discurso de um de seus deputados mais famosos, Tiago Mitraud, que dizia que o partido queria demonstrar indignação e que esse dinheiro representava tudo o que o partido queria combater. Ou era mentira ou agora Falcão é exatamente o que seu partido dizia combater. Os arcaicos véus da renovação caíram. Além disso, se o critério é o de recursos, o Prefeito, cuja vice é do PL, no julgamento do PL, é mais bolsonarista que os bolsonaristas.

3. O Plano de governo do atual prefeito pareceu um flyer de empresa fazendo propaganda com uma lista de desejos vaga e duvidosa. Tem “visão”, “missão” e “valores”, aquela ladainha que toda empresa diz ter, mas, obviamente, como uma empresa qualquer, descumpre tudo sem maiores constrangimentos.

(Exemplos: fala em Honra, mas a própria candidatura descumpre a palavra daquele Falcão que dizia ser contra a reeleição; fala em governança solidária, mas, logo em seguida, em austeridade; fala em servir ao povo, mas não prestou contas indo aos debates)

Falcão e Sandra não entraram em detalhes de quase nada do que propuseram. Falaram sem especificidade, mesmo conhecendo e operando a máquina pública. A obscuridade do “plano” toca em temas sensíveis sem dizer o que pretende. Por exemplo, falou-se em alterar o Estatuto do Servidor sem dizer em que pontos, em “promover ações” sem se dizer quais nem de quem, em alterar a Lei Complementar 381, alterando o Plano de Carreira dos Professores, sem dizer o conteúdo da alteração. Em suma, foi uma lista de desejos de poucas palavras, obscura e carente de especificações. Patos assinou um cheque em branco.

4. Elias Ferreira Caixeta, administrador da Vértice (50.000; do setor imobiliário), Leandro Rodrigues do Nascimento, da Roma Agronegócio (30.000), a família Bruxel, ligada à DB (30.000), Magno Túlio Martins Borges, da Engeman (40.000), Tomio Fukuda, fazendeiro cafeicultor (25.000), Inácio Urban, da Farroupilha (20.000) e Renato Morum de Queiroz, do setor imobiliário (10.000) estão entre os principais doadores do prefeito, ajudando a compor o “austeríssimo” montante de R$ 808.224,00 de que Falcão dispôs para fazer sua máquina de propaganda funcionar. Serão eles generosos, desinteressados e caridosos?

5. Dolglas Eduardo teve uma campanha que contou com “apenas” R$ 326.499,01, tendo em Elmiro Alves do Nascimento seu principal doador (55.000 reais) para além dos 100.000 mil do partido União Brasil. O fazendeiro e ex-prefeito é seguido de longe por Rogério Gonçalves Martins (que fez negócios com Dolglas na Intelligence Consultoria; 17.256 reais), por Gabriel de Castro Alves Savassi (16.000), Rosana Gonçalves Martins Fernandes (8.000), Douglas Fernandes (6.000) e Paulo Roberto Mota (5.800).

6. A proposta de governo de Dolglas seguiu o mesmo molde de flyer empresarial e lista de desejos. Sofreu dos mesmos problemas que a proposta de Falcão. O eleitor patense, no que diz respeito aos planos de governo apresentados (que são algo bem menos significativo do que os projetos postos em jogo), teve que escolher entre o pior e o pior.

7. Se os planos de governo escritos de Dolglas e Falcão pecaram pela substituição da política pelo marketing fajuto, o de Rildo Rodrigues foi uma aberração e indica claramente o desleixo da candidatura – em nível linguístico, estético e político. É um dos piores que já li na vida: um rascunho (chamo assim com alguma generosidade) de duas páginas escritas em caixa alta, com erros de ortografia, ausência total de formatação e delírios notórios. Uma candidatura mal diagramada.

8. As candidaturas do PT para a vereança foram um fracasso. E os candidatos não podem culpar a falta de recursos. Segue a tabela com receitas, despesas e votações:

NOMEVOTOSRECEITASDESPESAS
SONIA SOARES29R$ 19.687,50R$ 19.687,50
AURÉLIO ROCHA BEBEZÃO64R$ 8.750,00R$ 5.083,75
PROFESSOR RICARDO BARRETO141R$ 17.500,00R$ 12.596,16
ÁGUIDA HELENA198R$ 44.062,50R$ 34.489,82
DR. JOSÉ MÁRCIO208R$ 17.500,00R$ 3.006,75
JOSÉ LUCILO DUDA570R$ 37.500,00R$ 7.783,75
ÉLIDA ABREU730R$ 19.687,50R$ 12.666,65
Os dados de receitas consideram apenas os recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha.

Em que pese o antipetismo como entrave para que essas campanhas fossem bem-sucedidas, há que se notar que foram campanhas fracas e dispendiosas e que as votações (especialmente nos casos de Sônia e Águida) não refletem os montantes gastos. Sobram interrogações.

9. O vereador Daniel Gomes teve 1295 votos e não foi eleito pelo fato de o PDT não ter atingido a quantidade de votos necessária para ter direito a uma cadeira (faltaram 203 votos). O candidato não teve Fundo Especial de Campanha registrado até o momento, tendo recebido, porém, R$5.400,00 de Silvio Gomes de Deus (o seu pai). A expressiva votação sem eleição é um alerta claro para que o cidadão se atente ao caráter partidário do sistema eleitoral brasileiro, que, nos pleitos para os cargos legislativos, favorece (corretamente) o partido em detrimento da pessoa do candidato.

10. A composição da câmara, totalmente de direita, em termos partidários, fica da seguinte forma:

Lista de Vereadores 2025-2028

Eleitos por Quociente Partidário:
Toninho Cury (UNIÃO – 2403 votos)
Brenda Evellyn (NOVO – 1954 votos)
José Eustáquio (MDB – 1948 votos)
Zé Luiz (PODEMOS – 1663 votos)
Cabo Batista (PP – 1634 votos)
Paulo Henrique Caixeta (NOVO – 1515 votos)
Ezequiel Macedo (PP – 1492 votos)
Gladston Gabriel (PL – 1300 votos)
Willian de Campos (MDB – 1186 votos)
Professora Beth (PODEMOS – 1152 votos)
Sargento Leomar (PRD – 843 votos)

Eleitos por média:
Paulinho (PODEMOS – 1118 votos)
Carlito (PP – 1109 votos)
Itamar André (PP – 1105 votos)
Mauri da JL (PL – 1002 votos)
Otaviano Marques (UNIÃO 989 votos)
Júlio César (Republicanos – 923 votos)

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