Apenas uma mulher foi eleita entre os 17 cargos da Câmara de Patos de Minas-MG. O que isso quer dizer?
No último dia 15 de novembro de 2020 ocorreram as eleições Municipais na nossa queridíssima Patos de Minas, um importante evento democrático. Um balanço da eleição mostra que houve, em todo o Brasil, um maior número de candidaturas eleitas que são representantes das camadas minoritárias, ou seja, das camadas que têm uma parcela menor ou parcela inexistente de poder político na sociedade.
Esse sopro de esperança não chegou em nossa pacata cidade. Ela possui um eleitorado feminino de 54,71%, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas, mais uma vez, a Câmara eleita não abarcou representatividade correspondente.
A Vereadora eleita é a Profª. Elizabeth (DEM), mais conhecida como Beth. Tive o prazer de ser aluna durante a sua direção na Escola Estadual “Abner Afonso”. Considero notável a maneira como ela mobilizava a comunidade, sendo colaborativa com as atividades e necessidades da escola. Elizabeth acumula mais de trinta anos na educação pública, dentre o exercício da docência e a cargo da administração. Essa experiência e os aprendizados dela decorrentes contribuirão muito com o seu novo cargo.
Digo-lhes que, apesar de Beth ser a única vereadora, estou contente que ela tenha sido eleita. Sabemos bem que ter uma mulher eleita não significa necessariamente uma representatividade com alinhamento às demandas das mulheres, à defesa da educação pública ou com a ética da diversidade. Porém, Beth pratica esse alinhamento.
Lembro-me de observar sua mobilização em busca de melhoras dos espaços da Educação e de um melhor acolhimento desta para com as crianças, jovens e adultos do nosso município. Em suas próprias palavras, seu alinhamento vem com valores tais como “inclusão, tolerância e respeito a diversidades, sem jamais esquecer das minorias e dos excluídos”, (Vereadora Beth, em seu vídeo publicado nas redes sociais de pré-candidatura).
Não me ocuparei aqui de fazer um balanço geral dos membros do legislativo eleito, mas gostaria de dizer: nós, mulheres, estamos, dentro do que foi possível e do que se espera, representadas pela Vereadora.
Cumpre destacar algumas palavras da própria Elizabeth sobre sua ciência e o desafio de ser a única mulher eleita para o Legislativo:
“(…) fico preocupada porque as mulheres são maioria do eleitorado, e ter sido eleita apenas uma mulher para o legislativo desse município é preocupante. Sei que minha responsabilidade se torna gigantesca, por isso lutarei sem medir esforços para representá-las sendo a voz de cada mulher patense.” (Vereadora Profª. Beth (DEM), em declaração de agradecimento em suas mídias sociais.)
E o que uma única mulher ter sido eleita nos diz? Diz que devemos, enquanto mulheres, nos politizar, nos emancipar politicamente, buscar maior espaço para discutir e nos fazer ouvir, fazer nossas reivindicações serem ouvidas. Para tal, estejamos sempre dispostas a lutar para ocupar os espaços de poder, para que, daqui quatro anos, possamos ser muito mais mulheres eleitas.
Que essa mobilização que estou querendo fomentar desde agora se faça para além do poder público: que nós, mulheres, nos organizemos em nossas ruas, bairros, associações e ajudemos umas às outras. Obviamente, não podemos esperar que uma única mulher, dentro de um Legislativo com muitas limitações institucionais, modifique e resolva as querelas femininas. Ainda que fossem nove ou mais, seria preciso pensar a ação política fora da instituição política propriamente dita, de modo que estejamos exercendo política todos os dias.